Miriam Bevilacqua
Literatura, Comunicação,Educação
FORA DA MANADA
A eleição de 2018 acabou. As eleições de 2020 e 2022 acabaram. E a eleição de 2024 irá acabar em pouco mais de um mês.
Observo as redes sociais, pelo menos as minhas, e percebo que as pessoas, com raras exceções, não mais destilam ódio. O clima de guerra entre familiares, entre amigos e colegas parece ter desaparecido, ou talvez, contido.
Claro que há aquelas pessoas que eu imagino que não têm vida própria, não fazem nada interessante e que estão, desde 2017, seguindo a manada do ódio, postando chamamentos à raiva contra quem pensa diferente, mas a grande maioria entendeu que ter opiniões divergentes em política faz parte da brincadeira. E quem não sabe brincar, já diz o ditado: “não desce pro play”.
A palavra democracia vem do grego. Demo significa povo e cracia, poder. Acho muito bonito democracia significar o poder do povo. Um poder que não é de um monarca ou de um ditador, mas do povo. É a maioria que escolhe quem deve governar e, às vezes, o governo será mais à direita, outras vezes, mais à esquerda, e é justamente esse equilíbrio de força, esta alternância no poder, que permite termos uma sociedade cada vez mais justa e melhor.
Extremistas me assustam. Extremistas são raivosos com problemas pessoais que, com certeza, os levam para a vida pública. Com um ditador, seja de direita ou de esquerda, quem sofre é o povo. O ditador imagina que o povo e o país lhe pertencem e que todos os seus desejos devam ser satisfeitos e quem não seguir a sua cartilha deve ser preso ou morto. Um adulto mimado ou desequilibrado, pra quem faltou um bom tratamento psiquiátrico.
Pessoas sãs sabem que viver em coletividade é difícil mesmo e que às vezes será a nossa vontade que será contemplada, mas que, em outras ocasiões ou votações, vão ganhar opiniões que são contrárias as nossas. O que fazer? Nada! Somente esperar pelas próximas eleições. Não estou dizendo que não devemos expor nossos pontos de vista. Devemos sempre discutir política e o que é melhor para o país e, talvez, convencer alguns a votar como nós, mas isso não significa nunca, nem impor nossa vontade, nem atacar aquele que não concorda conosco.
Extremistas gostam de pôr fogo na fogueira. Gostam que as pessoas briguem porque ao brigarem, desequilibram o país, e os extremistas, alegando serem os salvadores da pátria, se aproveitam disso para abocanhar o poder.
Democracia foi uma conquista sofrida depois de anos de ditadura no Brasil, por isso, não jogue seu voto fora. Pesquise sobre os candidatos. Não siga a manada. Não vote em ninguém suspeito de corrupção ou que tenha qualquer sinal de violência ou de extremismo. E preste atenção não apenas aos cargos executivos mas, principalmente, ao legislativo. São eles que criam e votam leis que podem acabar com a democracia.
SP 01/10/24